PAT PAV PAVÃO...
Pat
Pav
Pavão
Pavas:
Cores eróticas
Ásia
Índia
Tibet:
Te ver
Um lenço seda fino
Transparente cor de vinho
Esvoaçando ao redor
De teu pescoço moreno
Na areia da Arábia
Cactos
Estás presente
No meu som oriental
Ao lado
Das negras bonitas da África
Negro pavão amarrado
Numa Kanga vinho
Em pé na areia quente
De uma duna creme
O céu totalmente azul
Tudo quente e vento brando
Muita água te soprando
O PROBLEMA DE DESCOBRIR...
O
PROBLEMA
DE
DESCOBRIR
É
A
SOLIDÃO
DE
SER
.
31 DE OITENTA E SEIS
Hoje eu queria estar com você
Preparando nossa festa quase burguesa
Boa companhia
ERRO PAVAS BEBUM
Só por você
Pr’ocê
Pra lhe dar
Nada sei dizer sobre você
Vem vem vem...
Vontade de dar
Dar pra você
Love
Desblushemo-nos baby!
NEM SEI O QUE DE BELO FIZ...
Nem sei o que de belo fiz
O que de belo dei
Frio desgraçado que faz na praia
O garoto pede fumo
Da mesa vem Tolstói, Nietzsche...
Eu lembro Maquiavel, Tomas Hobbes
E não gosto deles
Do meu coração você
CLÁSSICAS CLÁSSICAS CLÁSSICAS...
Clássicas clássicas clássicas músicas
Por aqui eu trabalho e essa gente maravilhosa média
Ontem você não telefonou
Talvez exacerbando minha beleza lhe espere
Ou não seja você o grão insegura de mim minha porção
Sejamos dois então
Melhor música clássica o dia todo
Aqui tem um ar-condicionado e um birôt
E uma máquina de escrever
Naquela noite aquela dança e eu sentia que lhe tinha
Lhe teria inteira mas você me vinha bêbada
-Meu amor eu amo você
-Eu também
Ela me ama ou não me ama não sei
I know I Love you
Hora de bater o ponto
DORME SONO RESSACADO...
Dorme sono ressacado
Perde hora e responsabilidade
Oscila o sentido das coisas
Dos vícios das vontades
O sol de cedo
A prata no verde
O vento litoral
Pontos de apoio catapultas
Todo um lado da ampulheta saciado
O OUTONO PARECE CHEGAR...
O outono parece chegar
E conheço poucas noites de verão
As folhas parece já ousam cair
E verdes estão
O que pode me acontecer
Com essa mudança breve brusca doída
Os dias solitários são tão calmos
As noites de procura são tão físicas
Embalam a tensão e a essência do espírito
Muito sol já queimou
E bem mais as noites frias
Morenear-se e soprar
Folhas folhas folhas
Em indefinida estação
MINHA PELE MORENA ESCURA...
Minha pele morena escura
Molhada de água do mar
De pelos estirados cacheados
Com a forma que deixou a verde água
Minha pele morena escura
Contraste com areia branca quase suja
O sol quente por se esconder
Arde bom no meu rosto
Brilho sublime na água
Como se tirasse o peso da minha cabeça
POR QUANTAS NOITES...
Por quantas noites vou dormir
Na máquina de escrever
No trabalho de primeiro horário
VOCÊ ME VIU UM POUCO MELHOR...
Você me viu um pouco melhor
A partir daquela noite
Melhor do que hoje
Viu assim tal qual sou
Me beijou assim com satisfação
E fui assim alegre depois de tantas horas
E é tão simples assim
Numa sequência de negativos
Eu te vejo assim muito bem
É tão simples
Agora ta uma loucura
Oh, bichinho
Eu devia ter aceito a passagem
A operação o colégio pago
Fechei os poros
E quase suor nenhum pude suar
Oh bicinho
Tá frio sabe ta quente também
É tão complicado
Sou tão simples
Não entendem
Tão querendo um hulk
Um alterofilista intelectual
Tenho preguiça de fazer musculação
Tenho muito amor muita vida
Não que eu esteja necessitando de casos
É basicamente de sexo
Tenho medo dos enlouquecidos
Caçadores da beleza
De bum-buns e performances pós-modernas
Vou chegar atrevido na minha timidez
Sair reclamando de uns três
Não vou sair daquela boite
NEVOEIRO VENTILADO...
Nevoeiro
Ventilado
Formando
Círculos
Em
Si
Angústia
De
Rapidez
Sem
Resposta
Alguma
Que
Merda
!
SEMPRE A ÂNSIA...
Sempre a ânsia
E não me agrada essa palavra
Quase sempre é assim
Também desagradável
Sem contar
Que as palavras são detestáveis
E não traduzem
Ainda existe
A exatidão de sentimentos
E a inexatidão de atitudes
É ânsia
QUERO A LOUCURA MENTAL...
Quero
A loucura mental de pensar
A sanidade
Da louca expressão verbal
VAI VAI VAI...
VAI VAI VAI VAI VAI VAI O LOUCO
VEM VEM VEM VEM VEM O CERTO
ÍNTERIM ASSUSTADOR DE PASSAGENS
O PEIXE ESCAMOSO...
O peixe escamoso
Na asperez de sua constituição
Vislumbra prepotente
A carne aveludada
Do peixe vermelho-vinho
De coração implodido em branco
UMA DECLARAÇÃO DE AMOR...
Uma declaração de4 amor pode ser assim
Uma recepção de amor pode ser assim
Sem declarações recíprocas
Como ver descaradamente assim
É a luta pela nojenta conquista
Totalmente pura
Nem que seja assim
Preu não me enausear
MINHA MÃO...
Minha mão
Acaricia meu corpo
Dizendo que ele é bonito
Ela tem pena dele
Ele agrada-se de carícias
EU PAIRO COMO BIRD...
Eu pairo como Bird
Sobre os lugares defecados
Cheios de amor pra mim
Vôo easemente
Com um gosto amargo
Narcotizado enlouquecido
Caindo na lata de lixo prateada
Cozinhando vagarozamente meus séculos
Numa manhã clara e cinzenta
Paro como um álien sujo
E vejo a vida passar
Até que chegue a noite
Com os barulhos roucos
De vozes e jazz
Vozes e blues
Na esquina
No fim do beco
Um rapaz loiro
De jeans apertado
Está inclinado pra cima da negra
Eu em posição fecal olho
É como se sempre
Eu sempre olhasse
E na noite escura bato as asas
E vou catando lixos
Brigando com os ratos
Ouvindo vozes indecifráveis
É um grito louco
O meu grito rasgado
Soltando os cheiros de comida podre
De canibalismo
Engulo os sapos todo o ambiente
Meio vôo rasante fazendo a volta
Voltando alucinado
Bato no vidro da janela fechada
Arrebento as grades da gaiola
Ensangüentado me recolho saciado
Dentro dela.
ESCREAVO
Escrevo
Cravo
Esse
Cravo
Crendo
Clarão
Escravo
Ex cravo
D’escrever
Descrevo
Desamarro
A vida
EU TÔ SAINDO MAIS UMA NOITE...
Eu to saindo mais uma noite
Não se desespere não chore por mim
É que sou curto temporal
Minha alma mortal pós câncer
Pré morte ela grita
Por declarações de amor
Clareações amorosas
Eu to saindo bem mais uma noite
Eu to saindo bem eu to saindo bem
Eu vou ficando aqui
Vou velando por nossas vidas
É amor
Fico todas as vezes
Nas noites em que saio
Velando por sua felicidade
Medo(r) de infelicitá-la
Medo(r) de não aprender a vida
E pagar por nós
Por cegueira por amar demais
Crostas de gelo em carnes de dogs
Linda eu queimo vivo e calmo
Eu to saindo mais uma noite
Pra dizer que amo
Toda hora em que fecho a porta
Pelo lado de fora
Berro calado através de minha entonação e timbre
Que te amo que te levo que sou seu
Você é uma pedra rocha
Quase estourando de amor
Química-fisicamente diamante
Me entenda ir não chore
Eu saio feliz mais uma noite
O NOME DOS BOIS
No
Escuro
Sua ausência
Falta
Estou confuso sobre qualquer sentimento
Inomináveis porcos
VOU ME AMAR...
Vou me amar
Antes de deitar com você
Vou me amar
Antes de decepcionar com você
Vou lhe amar
Quando decepcionar a mim
Vou sofrer
Enquanto estiver amando
Vou lhe amar
Inevitavelmente em sonhos
Mesmo nas falsas risadas de fim de noite
Eu vou amar sempre
ELO...
Elo
Tendões
Corações
Aviões
Elocubrações
Percepções discretas
Realidade sugesta
Onde brilha a timidez
Intimidade nua a portas fechadas
Claridade descansada
Ou escuridade cansada resultando em
Onde a beleza influencia
Pelos campos férteis descampados
Os movimentos do seu corpo
Dessa vida são meus
E encontram exatamente a alegria
De ver as portas fechadas
Não se pode apagar as luzes
A palavra pode falta
O silêncio tomar
E a loucura demente sorrir brincar
Fugir do assunto do ato à beça
Ora não me peça
Ora não apague a luz
Ora não abra a janela
Ora não abra a porta
Apague sim apague a luz
Daí em diante
Não me conte das pessoas
Das revistas HQs
Fique em paz
Me deixe em paz
EU FLOREIO COMO A PRIMAVERA MORTA...
Eu floreio como a primavera morta
Em cima da máquina de escrever
Jogo pedras preciosas de estalactites
Em cima de mim
Atravessam o estômago e matam
Vivo bem enquanto bêbado e sufocado
No vácuo entre as respirações
Só posso servir para a história
Que vai me analisar
Me fôdo e vão admirar
A vida sexual é dentro dos ossos
Os espermatozóides descem
De grelha abaixo
Trepo com baratas germes e vírus
Gozo pros insetos
Ao lado de aranhas num beco de pedra
Numa morte a punhal
Uma vida de aço transformada em textos
Que satisfazem parcialmente
Porque existe a consciência
MILHÕES DE LARVAS...
Milhões
De
Larvas
Caminham
Pela
Circulação
Sanguínea
.
Descobrir
Podre
A
Humildade
.
Ôco
.
Aperto
.
Vergonha
.
O QUE SOU...
O que sou vai resultar fatalmente no fim
Não entendo esse exato momento
EU & EU...
Eu & eu
No meio
No “e aí?”
Na cama
Na nicotina
Nos discos
Nos livros
No qu AR to sujo
Na dor de cabeça
Nas poesias
Na pressa
É por aí que é por ali
Que se chega a nada, a tudo
À descoberta
Aonde ninguém está no eu & eu
Todo trocado
Sonhando e feliz
CARNE FLÁCIDA...
CARNE FLÁCIDA
E FÁCIL
E INÚTIL
O TRABALHO MUNICIPAL
ESTADUAL
É FÁCIL
COMO
VIVER
VENDO
TEVÊ
O MAR ESTAVA LINDO...
O mar estava lindo
Havia verde e azul em ton sur ton
Pedras e ouriços em preto e marrom
CAMAS, MEDOS, LEMBRANÇAS DE OUTROS LENÇÓES...
Camas
Medos
Lembranças de outros lençóis
Noites de nãos e timidez
Dores
Amigas
Antigas
Não largam de mim
Não largam de mim
É a mesma volta como todas
Ânsia na cadeira do ônibus
Deveria jogar-lhe um tapa na cara – sentiu
Onde vai dar minha vida
Onde eu chego é só pra ver
Mais um perfume gravado
PARDOS GATOS
CRESPOS
GROSSO LÁBIO
PALIDEZ
ASCO – ESTUPIDEZ
GATOS PARDOS NO ESCURO
MORTE É IGUAL À ZERO
QUIÇÁ A SACAÇÃO
A VIDA É UM TREM AMASSANDO TRILHOS
SÃO PONTES AS TÁBUAS QUE OS LIGAM
A AREIA É O ABISMO
ALTURA É IGUAL A UM CENTÍMETRO
MORTE É IGUAL A ZERO
DISTÂNCIA É IGUAL AO CONTÍNUO CAMINHO
PELAS CIDADES DO INTERIOR
EM DIREÇÃO AO SOL, AO ESPAÇO POSITIVO OU NEGATIVO
MORTE É IGUAL A ZERO
É TOTALMENTE ...
É totalmente novo
É totalmente inesperado
É totalmente difícil
É totalmente agradável
É totalmente constrangedor
É totalmente triste
É uma alegria
É uma dor
É
É totalmente inacreditável...
UM BRILHO NEBLINADO E DOCE...
Um brilho neblinado e doce
Mânsido e sufocador
Um brilho que ainda deixa
A suspeita e a emoção à tona
Que bom!..
SE HOUVER DE SER...
Se houver de ser...
Em qualquer coisa
na 3ª
75ª
2.895.4999.876ª lua
Dois no começo fim meio do mundo
Dois no começo fim meio, completos
Ou o percurso descalço
Que fotografo em apenas duas marcas de pés
OS COMUNIQUETES
(paródia de fragmento da música
“Balança o Saco” – Almir Rouche)
Os
Comuniquetes
Comuniquetes
Comuniquetes
São confete e serpentina
São bem fora de linha
São todos uns galinhas
Com babys e velhinhas
Procurando emoção!!!
MMMMMMMMMMMMMMMM
Juntei uma sequência de sua inicial e só me fez lembrar o pior
ANTES DE QUALQUER SORRISO
Antes de qualquer sorriso meu amigo
Não se engane vem eu mesmo
Grande coragem de cavaleiro medieval
Dono de valores pseudopoucoexplorados
Na nova Idade Mérdia
Se os lugares refletem nos sentimentos
De certo que estou cego
Paixões platônicas são pontos de apoio
Catapulteando crises e sonhos simples
Inocentes, singelos, adolescentes
Eu nu no mei’ de gente
Abrir e fechar de porta...
Pesadamente enigmático
COMEÇA-SE PELO FIM...
Começa-se pelo fim
Doído fim
Houve começo?
Erramos
Mais uma vez os gritos
Podem espelhar
Todas as almas felizes sozinhas
E as dores possíveis mais insuportáveis
Viver
Missão sem sabor
Visão inodora
Desde quando erram?
Há quantos morreram?
Brincadeira infantil são as responsabilidades
E o caminho humano
Gritos para tudo
Porque o nada já é meu
Carreiras para a ocupação
O vegetativo felizmente
Já está tombado
Coladinho no cérebro
Ofendido por nicotinas
Cortinas
Eu abro o pano
Eu abro
Fecho pro mundo
Sou eu que assisto
No desconhecido teatro
De subúrbio, submundano
Você me pedir
SE VOCÊ NÃO GOSTA...
Se você não gosta o que eu posso fazer?
Quero beijar sua boca
Alisar sua carne molinha
E quero a segurança da duplicidade
Você calminho e bonito
Nas minhas horas
A gente podia se dar bem
Mas você não gosta
SEI NÃO...
Sei não...
Você já ta pensando demais!!!
QUE NÃO HAJA DÚVIDA...
Que não haja dúvida
Houve
Ninguém disse
Ótimo...
JÁ SEI...
Já sei!
Essa estória eu já conheço
Talvez a única
E pra mim tanto faz
Já que sempre foi assim
Vou tomar uma cerveja
Talvez a champagne do Natal
Que ainda congela na véspera de ano
Ando meio desanimado de obter lucros de você
É assim mesmo
Não consegui dizer-lhe
Que foi mal ficar esperando
Que foi veraz o pedido
Vamos continuar, andar, descortinar
PRA MIM NÃO PODE...
Pra mim não pode
Tocar o dedo
Dentro do buraco ensangüentado
Só pra fazer doer
DEIXE QUE EU BEBO SOZINHO...
Deixe que eu bebo sozinho o nosso vinho
Deixo de lembrar que você são sabe o caminho
Deixo de lembrar que você não sabe me beber
CATALEPSIA PR’OCÊ
aparecem
sua
prepotência
e
seus
jogos
intimidando
-
me
Sobre
fumo
.
você
não (
é é
bom mau
. )
não
importam
a
causa
e
o
efeito
.
eu
não
quero
sua
companhia
.
PAPO...
Papo
Se manda pra outro lugar
Papa o serviço militar
Conjugue-se assim no verbo familiar
E me deixe cantar
Suas idéias ferem minha alma
Eu quero ter comigo o que me entende
Por termos semelhanças
Você é meu século passado
E continua não sendo bom
Me esqueça
DON’T CRY MAMMY...
Don’t cry mammy
Deixe eu chorar o suficiente
Beber toda a cachaça enérgica
Pra me acomodar no canto do quarto
Pro resto da vida
Não foi eu quem criou sentido pra ela
O dinheiro o trabalho forçado
Minha vida é num beco
Por entre as paredes do meu coração
Num canhão que não dispara e implode
Sou tão perto de mim
Que não descobri os adágios da vitória
Nem o porquê de ultrapassar meus limites
De teco-teco, tico-tico, gaivota
Ultrapasso qualquer práxis soncial
Meu concatenamento é com árvore
Com bicho, com mato
A dividão social de trabalho é igualitária
Entre mim e o esquecido
Sou uma bosta maravilhosamente perfeita
Quero meu sangue jorrando em cima da areia quente
De um cobertor sujo
Deixe meu câncer
Meu sangue
Me esqueça
Exploda de fervor vital
... AQUELA FOLHA...
... aquela folha faz a gente sentir muito mais...
CORES MORTAS...
Cores mortas
Em vermelho sangue
FANTASMA DO PARAÍSO
O Fausto preparou sua vida numa cantata
E foi prensado pela máquina de fazer discos
Discos fizeram dinheiro
Pacto...
Acto...
É O SABER DA NECESSIDADE...
É o saber da necessidade
Cativos de que de onde pra onde
Que seja pro melhor
É que quero dizer é isso aí
Que seja o melhor
Onde se encontram as belezas?
A cumplicidade existe não sei de que
Mas é assim
O mundo de fora
Numa olhada parcial
É muito bonito
Correm e fazem suas vidas
E nós estamos nele querido
Dois em bilhões compactuando coisas
E mesmo assim ainda estamos verdes
NÃO QUERO QUE VOCÊ DESVENDE...
Não quero que você desvende seus segredos
Justamente hoje pra essa moça
A que você passeia abraçado na beira da praia
Essas carências nossas serão só nossas
Quando ele voltar como foi calado
NÃO ME DEIXE ESTAR ENGANADO...
(em casa de Pavas)
Não me deixe estar enganado mais uma vez
Sofro pelo unilateral
Justamente você
Que me toma os sonhos e os homens
Vem e reconta
Dificuldade de viver
PÁSSAROS NEGROS...
Pássaros negros no céu azul anil de início de noite
Nenhum habitante silêncio cena muda
Inexplicações do mundo
Vazio inchado complacendo mansamente
O início da traquéia e da garganta
Não há corpo há alma sentimento e inteligência
Pássaros negros flutuando rasantemente e deitados
Reverberando a existência de tudo
JUNTAR O CAÇADOR COM O JACARÉ...
Juntar o caçador com o jacaré
No momento exato
Em que seus olhos brilham na escuridão
SENTIR...
Sentir violação de teus direitos talvez
Pouco direcionados à introspecção
E filosofia de si mesmo
Meu pensar é consciente já por dores
Porque esperava paradoxalmente
Absorver aura física
Esteriotipada por valores tradicionais
Enquanto sou clorofilado
E o sol cobrado pedido obedecido
É escuro
Falar de florestas secas
É como vê-as no mínino dor
NAS COSTAS DE UM TEXTO...
Nas costas de um texto teórico
Escrevo feliz minhas poesias
O que você diz de um lado
Eu grito do outro
Eu digo calmo porque te esquecerei
Eu digo bem porque cansei
Desiludi de que a Terra ainda tenha jeito
Não estudarei regras e formas
De explicar cientificamente
O imutável para o bom
Eu digo consciente
Sem trabalho
Só dor e alegria
UMA PAIXÃO DISTANTE...
Uma paixão distante
Paixão de amor
Amor cego de pele
Beijo leve na alma
No sentir gasoso da aura
Que ainda não chega na boca
Ainda não tem corpo
Uma paixão distante
Eternamente só
Uma paixão de amor
Que se demonstra amigo
LIGUE ESTA NOITE...
Ligue esta noite
E diga que inda sou seu
Que anda gritando o meu nome
E ouvindo a minha voz
Diga, diga e não se esqueça
Quando estiver longe, enlouqueça
Quero ficar vendo
Ficar rindo
O MEU AMOR ESTÁ SÓ...
O meu amor está só
É uma auto-satisfação
Já foi dor de coração
Uma chata solidão
Hoje beija flores
Canta músicas incidentais
Solta um ar de descanso
Solta as asas e voa sozinho
Abre a boca e grita pra dentro
Você não ouve, não ouve
Nem vê quando eu passo pela praça
Quando vou comprar cigarros
SERÁ QUE FIQUEI...
Será que fiquei esperando
Ou realmente não estava pensando em sair
E depois de tanto tempo será
Que alguma coisa poderia jorrar de nós
Tua promessa quebrada agora
Quebra também a de outrora, veraz
OH, MEU BICHINHO...
Oh, meu bichinho
Em tantos momentos eu quis lhe ter
Mesmo antes de você
Eu já lhe beijava calmo
Os beijos
Os beijos não são felizes
Os homens são esquecidos
Eu me engano
Derramo lágrimas
E explodo comum
Na mesma hora
Em que toco na FM
BEIJE MINHA BOCA...
Beije minha boca
Chupe, lamba minha boca
Insistentemente
Que eu deslizo minha língua
Pelos caminhos de bela paisagem
De muito sol, de mais descanso
De tua bela
De tua minha boca
E que as horas passem
Já que amores nascem
E que o colchão está macio
E que o colchão é o meu mundo
E que o mundo é todo amor
EU LISTRADO PRETO E BRANCO...
(com Davi Matos)
Eu listrado preto e branco
Delineado, aveludado
Percorro e sobrevôo
Ensimesmado
Os céus do meu deserto
E o mar das tuas entranhas
Delineando, aveludando no meio da lua
No total sol que nos ilumina
Iluminados olhos de ovelha, de gato
Felino amor de lã
Como o concentrado do marrom, do vinho
Do ninho dos homens
De brio, brilho e conforto
Nas visões coloridas
Nas ações perfeitas da vida
Que goza
É UM PATO...
É um pato
Meu amor é um pato
De muito branco cristalizado
Doce quente
Que não me agonia a boca
Meu amor
Tem a veia da verdade praticada
À sol, à chuva, à derrocadas
Seus olhos desafiam as facas reais
Kamikase, ergue e destrói portais
NO FUNDO MESMO EU DISCORDO...
No fundo mesmo
Eu discordo
Quantos copos sãos
Qual o mais são
Preu mergulhar
ATÉ AS GRALHAS...
Até as gralhas sobrevoam longe
Lua inatingível
Ereção do elemento natural
Estagnado sentimento
Entre a fumaça e a miséria
Na delicadeza doce
Da solidão infecunda
MINHA MENTE INEBRIA...
Minha mente inebria e cega-se do mundo
Tu, loucura viva
Explode meus pedaços
Ensangüentando-os
Preu amar o deslize do som no ar
EU FAÇO QUE NEM LIGO
Eu faço que nem ligo
E procuro um cinema
Pra passar o inerte tempo
Pra chegar logo o momento
De correr mesmo perigo
Estou aqui todo riscado
Esperando um bom presságio
O fim da mesma emoção
Que começa em você
Que nasceu no seu colchão
Porque eu procuro a todo gás
Seu olhar de quem quer mais
E é pura ilusão esperar teu coração
Juro meu bem eu juro
Até mesmo de pés juntos
Que aqui tudo é ardor
E a espera é uma dor
Que eu não quero mais viver
Lhe sugiro que me ache
Que me abafe, me ventile
Me sugiro pra você
Que procura um bal masquê
Que procura num sei quê
Nos homens que nem te vê
Meu bem, lhe sugiro que olhe bem
Já saí por essa ruas
Toda noite, todo dia
Pelas praias, pelos bares
À procura de olhares
E no mesmo sonho seu
Esperei por tanto tempo
Que cansei de tanta espera
E agora estou aqui
Olhando ocê assim, assim
Molhando ocê em mim ocê assim
De cabeça retorcida
À procura da bebida
Que só bebem aqueles deuses
Que são gregos em seus corpos
Que estão longe de seu copo
Eu digo, eu já disse e repito
Que é preciso muito amor
Que do seu, preciso amor
Que do meu sai mais calor
VICIADO
Meu velho amigo
Tanto medo me toma a alma
E eu vou saindo ileso todos os dias
Arreganhado, estraçalhado de seriedade
Onde vai dar minha aventura louca
Meus traços não são retos
Eles vêm e vão
De bêbados, de sexo
Tarados
Comendo a última piranha da noite
E achando que ta pouco
Eu tenho uma alma carregada
Com uma rajada de metralhadora
E o coração um século atrasado
Minhas digitais já não são iguais
Às que eu tinha no ano passado
As paredes do mundo pra mim
Estão perdendo a cor
E eu não tenho mais o mesmo conceito
Que eu tinha do que era amor
Nem as linhas do destino
Na palma da minha mão
E com o passar dos tempos
Vão fechando as quatro cavidades
Do meu coração
E todo amor do mundo
Eu guardei no bolso
Fiz um alvoroço
Lendo uma revista
Grifei uma frase egoísta
“Eu não amo ninguém
Eu só gosto de mim”.
O INTERCEPTOR...
O interceptor percebeu hoje
Resignação em minha voz
Na voz, no coração
O canto de mim, a magia, a mágica
A loucura dos olhos ardentes
Me largou me virou hoje
Em vespa, zumbido e histeria
Em nome do tempo arruinado
Engalfinhada em si distantemente
Excentricidade ao norte, ao sul
Religiosidade florestal, selvagem
Fosforescendo preu fechar os olhos
Heterogeneamente perfeitas a terra e o mar
O interceptor há de entender
O expurgo moral que nos impingiram
E num dado momento na hora certa
A luz quer luzir pra ninguém
Só pra si
MARCELO
Teu corpo
Teu rosto
Tua voz
Angustiam
Agoniam minha traquéia
E meu coração bate demais
O ar sob denso
Sugo teus olhos marrons
Me aceita
Larga tudo por mim
Me deixa fazer xixi na sala
JAPA
Meu mar japonês
Meu lar protetor
O mar de cá lembra teus olhos
Tua boca
Poucos e determinados risos doces
Tua boca
Expressões, gesticulações orientais
Garanto
Estou no mar no próximo final de semana
Mesmo vivendo na semana passada
Passada a vontade de ver-te o céu da boca
Estamos na boca da noite
Na boca do céu
Na boca do amor que agora rege o desconforto
O meu desencontrado e desconcertante amor perdido
Nunca achado
Eu não quero mais
Nada mais que um luau à beira-mar
Me beija, mar
Me beija, amor
Na boca do centro do meu universo
Meu único amor companheiro
ELE FALA MAIS DO QUE PRECISO OUVIR...
Ele fala mais do que preciso ouvir
Sem que dele nada precise
O que faz aqui na minha casa
Outro vagabundo que não confia em ninguém
To exibindo a minha cara
Olhe pra mim
Pergunte qualquer coisa banal
Encantada & interessadamente
Olhe pra mim quando eu passar
Tão na vitrine meus olhos ao vento
E meu rosto descansado te esperando
O amor acalma os nervos
DE SUA COXA ESTICADA...
De sua coxa esticada em cor parda na cama
Balé musculoso de carnes revestidas de pelos pretos
DE ANOS TRAGO...
De anos trago
Farrapos de panos em tom pastel, grená e creme
Por sobre meu dorso de cravo
Fazendo calor
Murchando as pétalas que me formam pássaro do bem
E vem você e vem o bem de gostos a me salivar nos olhos
Não sei
Nunca fiz nunca travei
Guerra nenhuma contra a dor
Nem consegui falar de amor amando
VEI EU DIZER...
Vai eu dizer que não tem nada a ver
O amor com forma cheiro e doce de rosas rosas
Que não vai nada ter comigo e com você
Se o beijo que me beija a boca vem de mim
Vai eu dizer que já chorei por ser feliz de amor
Se o meu beija-flor há pouco que chegou
QUER VER MEU ROSTO...
Quer ver meu rosto
O sapato rasgado
O rebolado na calça frouxa
Não faço sexo nem interessa mas
Mesmo assim
Quer apaixonar-se
Para que? Esqueça-me
Enquanto as pessoas se perdem
Eu comemoro a solidão
As conheço antes do tempo previsto
E minha cabeça dói todo dia
EU QUERIA DIZER ASSIM...
Eu queria dizer assim
Não degenere esse sorriso
EU JÁ SEI
(c/ Maria Magdah)
Eu já sei o que é masturbar uma lesma
Já andei depois das três aonde você já não tem
Não tem nada a ver
Tem um medo que o faz cocho
E uma corcunda de Notredame
Eu falei das cores, das formas dos tempos
Eu pareci uma boba batendo as pernas
Onde o meu corpo vestiu uma neblina
Onde eu no carro fui ao abismo
O abismo do cúmulo da burrice
Do inseto que hoje pula fora
De todas as noites insuficientes atrevidas
MARGINÁLIA
I
Trepar pode ser com qualquer um
Não é preciso paixão
II
Adoro cenas que sugerem relacionamentos homossexuais
III
Eu quero um negro escatológico
Um negro hippie
Largado pelas ruas de 1967
Aquele branco de peito forte e leitoso
De pelos dourados escorrendo até nos pés
IV
Deve ser perfeito
Fazer amor numa viela à noite
Ou num gueto em um prédio antigo
V
Já pensei em pensei em pegar nos paus
dos contadores de luz, muitas vezes
Quando eles iam embora eu criava
Uma estória cheia de fetiches
E batia punheta na rede
VI
E os pintores...
Eu os olhava de baixo para cima
Enquanto emassavam o forro,
ouvindo Angela Roro, e ia pro banheiro
Eles diziam que ela possuía voz de homem
VI
Quero me lambuzar inteiro
Cheio de prazer
Num corpo todo suado
E melado de esperma
Os pêlos molhados
Por seu líquido espesso e sensual
E que as dores platônicas, como esta,
De estar numa máquina de escrever
Sumam da vida
VII
Meus vizinhos sempre foram
Aproveitadores e eu adorava
Já brinquei de esconder
Agarrado com os meninos
E chupei o pau do vizinho da direita
No lado esquerdo do alpendre azuleijado
VIII
Havia um carteiro interessantíssimo em minha rua
Não sei se ele era homossexual
IX
Um grandão me chamou para sua casa
Mas eu tive medo
Ele era forte, bem forte
E ficou magro, bem magro
Ele poderia estar com AIDS
X
O pai de um garoto que eu sarrava
Me chamou e deu uma lição de moral
Mandou eu ser homem e caçoou de mim
Mas o menino adorava!
XI
Só consegui transar passivo uma vez
Foi muito bom
Ninguém mais fez carinhosamente
Nem conseguiu
Inscrevam-se!!!
XII
Lambi e beijei na boca
O filho do caso da minha tia
Em cima do pé de jambo
Embaixo da lavanderia
No quarto ao lado do dela
Eu gozava e não saía nada
XIII
Uma vez me apareceu um esmole
Eu sempre quis ter com esmoles
Primeiro tomaríamos banho juntos
Eu o lavaria e o beijaria muito
XVI
Depois de transar com um canadense
Eu devorei todas as revistas
Que falassem a respeito do HTLV-3
Ele não entendia o que eu falava
Não podemos gozar juntos
Depois que ele conseguiu
Fiquei com seu líquido na boca
Durante algum tempo
E o depositei em cima de seu pau
Eu estava com duas cáries enorme
XVII
Havia tardes em que eu me masturbava
Três, quatro vezes
Com pôsteres de homens fortes
Com sonhos de homens fortes
E meu pai, onde andava?
Esse é um ponto sensível e pouco lembrado
XVIII
Já perto de quase muito tempo
Ou toda a sua vida
Ou tudo em sua vida
Um velho livro:
Psicologia Sexual
Havia lhe falado
Sobre a solidão
E o que ela pode ocasionar
Mas ele ainda lembra-se de cheiros e gostos
XIX
Meu trabalho está basicamente regado a sexo
Sou feliz e penso nele 24 horas por dia
Qualquer homem que passe
Tem a sua importância
Meu coração por instantes
E meu corpo o bastante
XX
Cacei no porto
Chuparia qualquer pau
XXI
Eu sacio de falar em sexo
Por alguns segundos
AMOR DE RUA
Por aqui não há quase mais ninguém interessante
Tudo cheira a velho e burro demais
Esta noite tem faíscas que doem na próstata
E eu amo o olhar de quem não vale nada
Esse nó na garganta quando o tipo olha pra mim
Que posso eu querer de ti
Se o que tens cheira a solidão e dor
Eu quero que você me pesque e que você me olhe
E demonstre que me quer por muito tempo
É que eu gosto de exercitar meu coração
Quem quis meu coração
Quem quis meu coração por toda a vida
Que adiantou todos os meus olhares
Todas as minhas cenas tradicionais
Que todo homem faz quando quer ganhar
É a vida pode ser ingrata
E te locar numa favela
E você pode ficar puto
E baixar o nível pra escrachar
MICHÊ
Eu saio pra te ver mas não te encontro
Onde é o point, onde é a praça, qual é o bar
Essa cidade não tem michê
Hoje eu pago qualquer um que me quiser
Eu quero um homem burro que me divirta
Um bofe estúpido que por fim me beije a boca
Quem me quiser eu to gingando na Avenida
Eu só não topo ficar sozinho marcando touca cheio de tesão
BICHA
A bicha que vai me bater
Pensa que eu sou careta
Que eu não sinto uma ânsia brumada
Um ataque de sensações eróticas
PAU
É nas entranhas do teu pau
Do teu bem tom teu mal
Lá pelos olhos suados
Pelas coxas jogadas na cama
É na fissura de tua pele branca
Vermelha e quente pele queimada
CANALHA
Até que ponto crápula, sujo, vadio
Até que ponto meu, afim, no cio
Sou a beleza ou quantas cifras sou
Valho amor ou casa comida e roupa lavada
Quem lava a cara de quem a cara lavada
Não me olhe assim não respondo por mim
Repare pro seu lado o velhote está incomodado
E seu copo de cerveja já está pago
ESMOLÉ
Ele tem cheiro de planta, de erva, de infância, loló
Os vagabundos têm cheiro de planta
Madrugada... enquanto os velhos amigos
Dormem seus sonhos seguros de sempre
Desvendo a temperatura fria, gelada, vazia
O rosto retesando, os dentes trincando
Caminho pro ultimo bar
O vício machucando cada osso do meu corpo
Ele está dormindo no banco da praça
O galã que pede esmolas e me seca às tardes
O maloqueiro mais bonito da cidade
Pele branca, peito de leite e pelo de pólen
Short frondoso, vaporoso, indecoroso
Contamos estrelas juntos e tive medo da polícia
Dia desses me disseram que ele morreu esfaqueado
PORNÔ
Na boca do Salgadinho
Os caras ficam com os caras
De madrugada quando todos dormem
No céu claro da manhã
Ou nas tardes granuladas
As bichas se camuflam
Sujeitadas, enlouquecidas
Nas pedras do cais do porto
E você não pode entender desse amor, meu amor
Dá um dedo, dá um riso e os homi corta a cara
O amor é louco de se viver
Como torto foi bater nos paus
Dos maloqueiros burros
Nas cadeiras cafonas do Cine Ideal
O amor pode virar doença meu amor
E o coração do rapaz que amou demais uma puta, um fedor
E aí vai brilhar, vai se mirar onde você já não há
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