sábado, 4 de abril de 2009

CORAÇÃO SELVAGEM










PAT PAV PAVÃO...

Pat

Pav

Pavão

Pavas:

Cores eróticas

Ásia

Índia

Tibet:

Te ver

Um lenço seda fino

Transparente cor de vinho

Esvoaçando ao redor

De teu pescoço moreno

Na areia da Arábia

Cactos

Estás presente

No meu som oriental

Ao lado

Das negras bonitas da África

Negro pavão amarrado

Numa Kanga vinho

Em pé na areia quente

De uma duna creme

O céu totalmente azul

Tudo quente e vento brando

Muita água te soprando




O PROBLEMA DE DESCOBRIR...


O

PROBLEMA

DE

DESCOBRIR

É

A

SOLIDÃO

DE

SER

.




31 DE OITENTA E SEIS


Hoje eu queria estar com você

Preparando nossa festa quase burguesa

Boa companhia




ERRO PAVAS BEBUM


Só por você

Pr’ocê

Pra lhe dar

Nada sei dizer sobre você

Vem vem vem...

Vontade de dar

Dar pra você

Love

Desblushemo-nos baby!




NEM SEI O QUE DE BELO FIZ...


Nem sei o que de belo fiz

O que de belo dei

Frio desgraçado que faz na praia

O garoto pede fumo

Da mesa vem Tolstói, Nietzsche...

Eu lembro Maquiavel, Tomas Hobbes

E não gosto deles

Do meu coração você




CLÁSSICAS CLÁSSICAS CLÁSSICAS...


Clássicas clássicas clássicas músicas

Por aqui eu trabalho e essa gente maravilhosa média

Ontem você não telefonou

Talvez exacerbando minha beleza lhe espere

Ou não seja você o grão insegura de mim minha porção

Sejamos dois então

Melhor música clássica o dia todo

Aqui tem um ar-condicionado e um birôt

E uma máquina de escrever

Naquela noite aquela dança e eu sentia que lhe tinha

Lhe teria inteira mas você me vinha bêbada

-Meu amor eu amo você

-Eu também

Ela me ama ou não me ama não sei

I know I Love you

Hora de bater o ponto




DORME SONO RESSACADO...


Dorme sono ressacado

Perde hora e responsabilidade

Oscila o sentido das coisas

Dos vícios das vontades

O sol de cedo

A prata no verde

O vento litoral

Pontos de apoio catapultas

Todo um lado da ampulheta saciado




O OUTONO PARECE CHEGAR...


O outono parece chegar

E conheço poucas noites de verão

As folhas parece já ousam cair

E verdes estão

O que pode me acontecer

Com essa mudança breve brusca doída

Os dias solitários são tão calmos

As noites de procura são tão físicas

Embalam a tensão e a essência do espírito

Muito sol já queimou

E bem mais as noites frias

Morenear-se e soprar

Folhas folhas folhas

Em indefinida estação




MINHA PELE MORENA ESCURA...


Minha pele morena escura

Molhada de água do mar

De pelos estirados cacheados

Com a forma que deixou a verde água

Minha pele morena escura

Contraste com areia branca quase suja

O sol quente por se esconder

Arde bom no meu rosto

Brilho sublime na água

Como se tirasse o peso da minha cabeça

POR QUANTAS NOITES...

Por quantas noites vou dormir

Na máquina de escrever

No trabalho de primeiro horário




VOCÊ ME VIU UM POUCO MELHOR...


Você me viu um pouco melhor

A partir daquela noite

Melhor do que hoje

Viu assim tal qual sou

Me beijou assim com satisfação

E fui assim alegre depois de tantas horas

E é tão simples assim

Numa sequência de negativos

Eu te vejo assim muito bem

É tão simples

Agora ta uma loucura

Oh, bichinho

Eu devia ter aceito a passagem

A operação o colégio pago

Fechei os poros

E quase suor nenhum pude suar

Oh bicinho

Tá frio sabe ta quente também

É tão complicado

Sou tão simples

Não entendem

Tão querendo um hulk

Um alterofilista intelectual

Tenho preguiça de fazer musculação

Tenho muito amor muita vida

Não que eu esteja necessitando de casos

É basicamente de sexo

Tenho medo dos enlouquecidos

Caçadores da beleza

De bum-buns e performances pós-modernas

Vou chegar atrevido na minha timidez

Sair reclamando de uns três

Não vou sair daquela boite




NEVOEIRO VENTILADO...


Nevoeiro

Ventilado

Formando

Círculos

Em

Si

Angústia

De

Rapidez

Sem

Resposta

Alguma

Que

Merda

!




SEMPRE A ÂNSIA...


Sempre a ânsia

E não me agrada essa palavra

Quase sempre é assim

Também desagradável

Sem contar

Que as palavras são detestáveis

E não traduzem

Ainda existe

A exatidão de sentimentos

E a inexatidão de atitudes

É ânsia




QUERO A LOUCURA MENTAL...


Quero

A loucura mental de pensar

A sanidade

Da louca expressão verbal




VAI VAI VAI...


VAI VAI VAI VAI VAI VAI O LOUCO

VEM VEM VEM VEM VEM O CERTO

ÍNTERIM ASSUSTADOR DE PASSAGENS




O PEIXE ESCAMOSO...


O peixe escamoso

Na asperez de sua constituição

Vislumbra prepotente

A carne aveludada

Do peixe vermelho-vinho

De coração implodido em branco




UMA DECLARAÇÃO DE AMOR...


Uma declaração de4 amor pode ser assim

Uma recepção de amor pode ser assim

Sem declarações recíprocas

Como ver descaradamente assim

É a luta pela nojenta conquista

Totalmente pura

Nem que seja assim

Preu não me enausear




MINHA MÃO...


Minha mão

Acaricia meu corpo

Dizendo que ele é bonito

Ela tem pena dele

Ele agrada-se de carícias




EU PAIRO COMO BIRD...


Eu pairo como Bird

Sobre os lugares defecados

Cheios de amor pra mim

Vôo easemente

Com um gosto amargo

Narcotizado enlouquecido

Caindo na lata de lixo prateada

Cozinhando vagarozamente meus séculos

Numa manhã clara e cinzenta

Paro como um álien sujo

E vejo a vida passar

Até que chegue a noite

Com os barulhos roucos

De vozes e jazz

Vozes e blues

Na esquina

No fim do beco

Um rapaz loiro

De jeans apertado

Está inclinado pra cima da negra

Eu em posição fecal olho

É como se sempre

Eu sempre olhasse

E na noite escura bato as asas

E vou catando lixos

Brigando com os ratos

Ouvindo vozes indecifráveis

É um grito louco

O meu grito rasgado

Soltando os cheiros de comida podre

De canibalismo

Engulo os sapos todo o ambiente

Meio vôo rasante fazendo a volta

Voltando alucinado

Bato no vidro da janela fechada

Arrebento as grades da gaiola

Ensangüentado me recolho saciado

Dentro dela.




ESCREAVO


Escrevo

Cravo

Esse

Cravo

Crendo

Clarão

Escravo

Ex cravo

D’escrever

Descrevo

Desamarro

A vida




EU TÔ SAINDO MAIS UMA NOITE...


Eu to saindo mais uma noite

Não se desespere não chore por mim

É que sou curto temporal

Minha alma mortal pós câncer

Pré morte ela grita

Por declarações de amor

Clareações amorosas

Eu to saindo bem mais uma noite

Eu to saindo bem eu to saindo bem

Eu vou ficando aqui

Vou velando por nossas vidas

É amor

Fico todas as vezes

Nas noites em que saio

Velando por sua felicidade

Medo(r) de infelicitá-la

Medo(r) de não aprender a vida

E pagar por nós

Por cegueira por amar demais

Crostas de gelo em carnes de dogs

Linda eu queimo vivo e calmo

Eu to saindo mais uma noite

Pra dizer que amo

Toda hora em que fecho a porta

Pelo lado de fora

Berro calado através de minha entonação e timbre

Que te amo que te levo que sou seu

Você é uma pedra rocha

Quase estourando de amor

Química-fisicamente diamante

Me entenda ir não chore

Eu saio feliz mais uma noite




O NOME DOS BOIS


No

Escuro

Sua ausência

Falta

Estou confuso sobre qualquer sentimento

Inomináveis porcos




VOU ME AMAR...


Vou me amar

Antes de deitar com você

Vou me amar

Antes de decepcionar com você

Vou lhe amar

Quando decepcionar a mim

Vou sofrer

Enquanto estiver amando

Vou lhe amar

Inevitavelmente em sonhos

Mesmo nas falsas risadas de fim de noite

Eu vou amar sempre




ELO...


Elo

Tendões

Corações

Aviões

Elocubrações

Percepções discretas

Realidade sugesta

Onde brilha a timidez

Intimidade nua a portas fechadas

Claridade descansada

Ou escuridade cansada resultando em

Onde a beleza influencia

Pelos campos férteis descampados

Os movimentos do seu corpo

Dessa vida são meus

E encontram exatamente a alegria

De ver as portas fechadas

Não se pode apagar as luzes

A palavra pode falta

O silêncio tomar

E a loucura demente sorrir brincar

Fugir do assunto do ato à beça

Ora não me peça

Ora não apague a luz

Ora não abra a janela

Ora não abra a porta

Apague sim apague a luz

Daí em diante

Não me conte das pessoas

Das revistas HQs

Fique em paz

Me deixe em paz




EU FLOREIO COMO A PRIMAVERA MORTA...


Eu floreio como a primavera morta

Em cima da máquina de escrever

Jogo pedras preciosas de estalactites

Em cima de mim

Atravessam o estômago e matam

Vivo bem enquanto bêbado e sufocado

No vácuo entre as respirações

Só posso servir para a história

Que vai me analisar

Me fôdo e vão admirar

A vida sexual é dentro dos ossos

Os espermatozóides descem

De grelha abaixo

Trepo com baratas germes e vírus

Gozo pros insetos

Ao lado de aranhas num beco de pedra

Numa morte a punhal

Uma vida de aço transformada em textos

Que satisfazem parcialmente

Porque existe a consciência




MILHÕES DE LARVAS...


Milhões

De

Larvas

Caminham

Pela

Circulação

Sanguínea

.

Descobrir

Podre

A

Humildade

.

Ôco

.

Aperto

.

Vergonha

.





O QUE SOU...


O que sou vai resultar fatalmente no fim

Não entendo esse exato momento




EU & EU...


Eu & eu

No meio

No “e aí?”

Na cama

Na nicotina

Nos discos

Nos livros

No qu AR to sujo

Na dor de cabeça

Nas poesias

Na pressa

É por aí que é por ali

Que se chega a nada, a tudo

À descoberta

Aonde ninguém está no eu & eu

Todo trocado

Sonhando e feliz



CARNE FLÁCIDA...


CARNE FLÁCIDA

E FÁCIL

E INÚTIL

O TRABALHO MUNICIPAL

ESTADUAL

É FÁCIL

COMO

VIVER

VENDO

TEVÊ




O MAR ESTAVA LINDO...


O mar estava lindo

Havia verde e azul em ton sur ton

Pedras e ouriços em preto e marrom




CAMAS, MEDOS, LEMBRANÇAS DE OUTROS LENÇÓES...


Camas

Medos

Lembranças de outros lençóis

Noites de nãos e timidez

Dores

Amigas

Antigas

Não largam de mim

Não largam de mim

É a mesma volta como todas

Ânsia na cadeira do ônibus

Deveria jogar-lhe um tapa na cara – sentiu

Onde vai dar minha vida

Onde eu chego é só pra ver

Mais um perfume gravado




PARDOS GATOS


CRESPOS

GROSSO LÁBIO

PALIDEZ

ASCO – ESTUPIDEZ

GATOS PARDOS NO ESCURO




MORTE É IGUAL À ZERO


QUIÇÁ A SACAÇÃO

A VIDA É UM TREM AMASSANDO TRILHOS

SÃO PONTES AS TÁBUAS QUE OS LIGAM

A AREIA É O ABISMO

ALTURA É IGUAL A UM CENTÍMETRO

MORTE É IGUAL A ZERO

DISTÂNCIA É IGUAL AO CONTÍNUO CAMINHO

PELAS CIDADES DO INTERIOR

EM DIREÇÃO AO SOL, AO ESPAÇO POSITIVO OU NEGATIVO

MORTE É IGUAL A ZERO




É TOTALMENTE ...


É totalmente novo

É totalmente inesperado

É totalmente difícil

É totalmente agradável

É totalmente constrangedor

É totalmente triste

É uma alegria

É uma dor

É

É totalmente inacreditável...




UM BRILHO NEBLINADO E DOCE...


Um brilho neblinado e doce

Mânsido e sufocador

Um brilho que ainda deixa

A suspeita e a emoção à tona

Que bom!..




SE HOUVER DE SER...


Se houver de ser...

Em qualquer coisa

na 3ª

75ª

2.895.4999.876ª lua

Dois no começo fim meio do mundo

Dois no começo fim meio, completos

Ou o percurso descalço

Que fotografo em apenas duas marcas de pés



OS COMUNIQUETES


(paródia de fragmento da música

“Balança o Saco” – Almir Rouche)


Os

Comuniquetes

Comuniquetes

Comuniquetes

São confete e serpentina

São bem fora de linha

São todos uns galinhas

Com babys e velhinhas

Procurando emoção!!!




MMMMMMMMMMMMMMMM

Juntei uma sequência de sua inicial e só me fez lembrar o pior




ANTES DE QUALQUER SORRISO

Antes de qualquer sorriso meu amigo

Não se engane vem eu mesmo

Grande coragem de cavaleiro medieval

Dono de valores pseudopoucoexplorados

Na nova Idade Mérdia

Se os lugares refletem nos sentimentos

De certo que estou cego

Paixões platônicas são pontos de apoio

Catapulteando crises e sonhos simples

Inocentes, singelos, adolescentes

Eu nu no mei’ de gente

Abrir e fechar de porta...

Pesadamente enigmático




COMEÇA-SE PELO FIM...


Começa-se pelo fim

Doído fim

Houve começo?

Erramos

Mais uma vez os gritos

Podem espelhar

Todas as almas felizes sozinhas

E as dores possíveis mais insuportáveis

Viver

Missão sem sabor

Visão inodora

Desde quando erram?

Há quantos morreram?

Brincadeira infantil são as responsabilidades

E o caminho humano

Gritos para tudo

Porque o nada já é meu

Carreiras para a ocupação

O vegetativo felizmente

Já está tombado

Coladinho no cérebro

Ofendido por nicotinas

Cortinas

Eu abro o pano

Eu abro

Fecho pro mundo

Sou eu que assisto

No desconhecido teatro

De subúrbio, submundano

Você me pedir




SE VOCÊ NÃO GOSTA...


Se você não gosta o que eu posso fazer?

Quero beijar sua boca

Alisar sua carne molinha

E quero a segurança da duplicidade

Você calminho e bonito

Nas minhas horas

A gente podia se dar bem

Mas você não gosta




SEI NÃO...


Sei não...

Você já ta pensando demais!!!





QUE NÃO HAJA DÚVIDA...


Que não haja dúvida

Houve

Ninguém disse

Ótimo...




JÁ SEI...


Já sei!

Essa estória eu já conheço

Talvez a única

E pra mim tanto faz

Já que sempre foi assim

Vou tomar uma cerveja

Talvez a champagne do Natal

Que ainda congela na véspera de ano

Ando meio desanimado de obter lucros de você

É assim mesmo

Não consegui dizer-lhe

Que foi mal ficar esperando

Que foi veraz o pedido

Vamos continuar, andar, descortinar




PRA MIM NÃO PODE...


Pra mim não pode

Tocar o dedo

Dentro do buraco ensangüentado

Só pra fazer doer




DEIXE QUE EU BEBO SOZINHO...


Deixe que eu bebo sozinho o nosso vinho

Deixo de lembrar que você são sabe o caminho

Deixo de lembrar que você não sabe me beber




CATALEPSIA PR’OCÊ


aparecem

sua

prepotência

e

seus

jogos

intimidando

-

me

Sobre

fumo

.

você

não (

é é

bom mau

. )

não

importam

a

causa

e

o

efeito

.

eu

não

quero

sua

companhia

.





PAPO...


Papo

Se manda pra outro lugar

Papa o serviço militar

Conjugue-se assim no verbo familiar

E me deixe cantar

Suas idéias ferem minha alma

Eu quero ter comigo o que me entende

Por termos semelhanças

Você é meu século passado

E continua não sendo bom

Me esqueça




DON’T CRY MAMMY...


Don’t cry mammy

Deixe eu chorar o suficiente

Beber toda a cachaça enérgica

Pra me acomodar no canto do quarto

Pro resto da vida

Não foi eu quem criou sentido pra ela

O dinheiro o trabalho forçado

Minha vida é num beco

Por entre as paredes do meu coração

Num canhão que não dispara e implode

Sou tão perto de mim

Que não descobri os adágios da vitória

Nem o porquê de ultrapassar meus limites

De teco-teco, tico-tico, gaivota

Ultrapasso qualquer práxis soncial

Meu concatenamento é com árvore

Com bicho, com mato

A dividão social de trabalho é igualitária

Entre mim e o esquecido

Sou uma bosta maravilhosamente perfeita

Quero meu sangue jorrando em cima da areia quente

De um cobertor sujo

Deixe meu câncer

Meu sangue

Me esqueça

Exploda de fervor vital




... AQUELA FOLHA...


... aquela folha faz a gente sentir muito mais...




CORES MORTAS...


Cores mortas

Em vermelho sangue




FANTASMA DO PARAÍSO


O Fausto preparou sua vida numa cantata

E foi prensado pela máquina de fazer discos

Discos fizeram dinheiro

Pacto...

Acto...




É O SABER DA NECESSIDADE...


É o saber da necessidade

Cativos de que de onde pra onde

Que seja pro melhor

É que quero dizer é isso aí

Que seja o melhor

Onde se encontram as belezas?

A cumplicidade existe não sei de que

Mas é assim

O mundo de fora

Numa olhada parcial

É muito bonito

Correm e fazem suas vidas

E nós estamos nele querido

Dois em bilhões compactuando coisas

E mesmo assim ainda estamos verdes




NÃO QUERO QUE VOCÊ DESVENDE...


Não quero que você desvende seus segredos

Justamente hoje pra essa moça

A que você passeia abraçado na beira da praia

Essas carências nossas serão só nossas

Quando ele voltar como foi calado




NÃO ME DEIXE ESTAR ENGANADO...


(em casa de Pavas)


Não me deixe estar enganado mais uma vez

Sofro pelo unilateral

Justamente você

Que me toma os sonhos e os homens

Vem e reconta

Dificuldade de viver




PÁSSAROS NEGROS...


Pássaros negros no céu azul anil de início de noite

Nenhum habitante silêncio cena muda

Inexplicações do mundo

Vazio inchado complacendo mansamente

O início da traquéia e da garganta

Não há corpo há alma sentimento e inteligência

Pássaros negros flutuando rasantemente e deitados

Reverberando a existência de tudo





JUNTAR O CAÇADOR COM O JACARÉ...


Juntar o caçador com o jacaré

No momento exato

Em que seus olhos brilham na escuridão




SENTIR...


Sentir violação de teus direitos talvez

Pouco direcionados à introspecção

E filosofia de si mesmo

Meu pensar é consciente já por dores

Porque esperava paradoxalmente

Absorver aura física

Esteriotipada por valores tradicionais

Enquanto sou clorofilado

E o sol cobrado pedido obedecido

É escuro

Falar de florestas secas

É como vê-as no mínino dor





NAS COSTAS DE UM TEXTO...


Nas costas de um texto teórico

Escrevo feliz minhas poesias

O que você diz de um lado

Eu grito do outro

Eu digo calmo porque te esquecerei

Eu digo bem porque cansei

Desiludi de que a Terra ainda tenha jeito

Não estudarei regras e formas

De explicar cientificamente

O imutável para o bom

Eu digo consciente

Sem trabalho

Só dor e alegria




UMA PAIXÃO DISTANTE...


Uma paixão distante

Paixão de amor

Amor cego de pele

Beijo leve na alma

No sentir gasoso da aura

Que ainda não chega na boca

Ainda não tem corpo

Uma paixão distante

Eternamente só

Uma paixão de amor

Que se demonstra amigo




LIGUE ESTA NOITE...


Ligue esta noite

E diga que inda sou seu

Que anda gritando o meu nome

E ouvindo a minha voz

Diga, diga e não se esqueça

Quando estiver longe, enlouqueça

Quero ficar vendo

Ficar rindo



O MEU AMOR ESTÁ SÓ...


O meu amor está só

É uma auto-satisfação

Já foi dor de coração

Uma chata solidão

Hoje beija flores

Canta músicas incidentais

Solta um ar de descanso

Solta as asas e voa sozinho

Abre a boca e grita pra dentro

Você não ouve, não ouve

Nem vê quando eu passo pela praça

Quando vou comprar cigarros



SERÁ QUE FIQUEI...


Será que fiquei esperando

Ou realmente não estava pensando em sair

E depois de tanto tempo será

Que alguma coisa poderia jorrar de nós

Tua promessa quebrada agora

Quebra também a de outrora, veraz



OH, MEU BICHINHO...


Oh, meu bichinho

Em tantos momentos eu quis lhe ter

Mesmo antes de você

Eu já lhe beijava calmo


Os beijos

Os beijos não são felizes

Os homens são esquecidos

Eu me engano

Derramo lágrimas

E explodo comum

Na mesma hora

Em que toco na FM




BEIJE MINHA BOCA...


Beije minha boca

Chupe, lamba minha boca

Insistentemente

Que eu deslizo minha língua

Pelos caminhos de bela paisagem

De muito sol, de mais descanso

De tua bela

De tua minha boca

E que as horas passem

Já que amores nascem

E que o colchão está macio

E que o colchão é o meu mundo

E que o mundo é todo amor


EU LISTRADO PRETO E BRANCO...

(com Davi Matos)

Eu listrado preto e branco

Delineado, aveludado

Percorro e sobrevôo

Ensimesmado

Os céus do meu deserto

E o mar das tuas entranhas

Delineando, aveludando no meio da lua

No total sol que nos ilumina

Iluminados olhos de ovelha, de gato

Felino amor de lã

Como o concentrado do marrom, do vinho

Do ninho dos homens

De brio, brilho e conforto

Nas visões coloridas

Nas ações perfeitas da vida

Que goza



É UM PATO...


É um pato

Meu amor é um pato

De muito branco cristalizado

Doce quente

Que não me agonia a boca

Meu amor

Tem a veia da verdade praticada

À sol, à chuva, à derrocadas

Seus olhos desafiam as facas reais

Kamikase, ergue e destrói portais



NO FUNDO MESMO EU DISCORDO...


No fundo mesmo

Eu discordo

Quantos copos sãos

Qual o mais são

Preu mergulhar



ATÉ AS GRALHAS...


Até as gralhas sobrevoam longe

Lua inatingível

Ereção do elemento natural

Estagnado sentimento

Entre a fumaça e a miséria

Na delicadeza doce

Da solidão infecunda



MINHA MENTE INEBRIA...


Minha mente inebria e cega-se do mundo

Tu, loucura viva

Explode meus pedaços

Ensangüentando-os

Preu amar o deslize do som no ar


EU FAÇO QUE NEM LIGO

Eu faço que nem ligo

E procuro um cinema

Pra passar o inerte tempo

Pra chegar logo o momento

De correr mesmo perigo

Estou aqui todo riscado

Esperando um bom presságio

O fim da mesma emoção

Que começa em você

Que nasceu no seu colchão

Porque eu procuro a todo gás

Seu olhar de quem quer mais

E é pura ilusão esperar teu coração

Juro meu bem eu juro

Até mesmo de pés juntos

Que aqui tudo é ardor

E a espera é uma dor

Que eu não quero mais viver

Lhe sugiro que me ache

Que me abafe, me ventile

Me sugiro pra você

Que procura um bal masquê

Que procura num sei quê

Nos homens que nem te vê

Meu bem, lhe sugiro que olhe bem

Já saí por essa ruas

Toda noite, todo dia

Pelas praias, pelos bares

À procura de olhares

E no mesmo sonho seu

Esperei por tanto tempo

Que cansei de tanta espera

E agora estou aqui

Olhando ocê assim, assim

Molhando ocê em mim ocê assim

De cabeça retorcida

À procura da bebida

Que só bebem aqueles deuses

Que são gregos em seus corpos

Que estão longe de seu copo

Eu digo, eu já disse e repito

Que é preciso muito amor

Que do seu, preciso amor

Que do meu sai mais calor


VICIADO

Meu velho amigo

Tanto medo me toma a alma

E eu vou saindo ileso todos os dias

Arreganhado, estraçalhado de seriedade

Onde vai dar minha aventura louca

Meus traços não são retos

Eles vêm e vão

De bêbados, de sexo

Tarados

Comendo a última piranha da noite

E achando que ta pouco


EU NÃO AMO NINGUÉM

Eu tenho uma alma carregada

Com uma rajada de metralhadora

E o coração um século atrasado

Minhas digitais já não são iguais

Às que eu tinha no ano passado

As paredes do mundo pra mim

Estão perdendo a cor

E eu não tenho mais o mesmo conceito

Que eu tinha do que era amor

Nem as linhas do destino

Na palma da minha mão

E com o passar dos tempos

Vão fechando as quatro cavidades

Do meu coração

E todo amor do mundo

Eu guardei no bolso

Fiz um alvoroço

Lendo uma revista

Grifei uma frase egoísta

“Eu não amo ninguém

Eu só gosto de mim”.




O INTERCEPTOR...


O interceptor percebeu hoje

Resignação em minha voz

Na voz, no coração

O canto de mim, a magia, a mágica

A loucura dos olhos ardentes

Me largou me virou hoje

Em vespa, zumbido e histeria

Em nome do tempo arruinado

Engalfinhada em si distantemente

Excentricidade ao norte, ao sul

Religiosidade florestal, selvagem

Fosforescendo preu fechar os olhos

Heterogeneamente perfeitas a terra e o mar

O interceptor há de entender

O expurgo moral que nos impingiram

E num dado momento na hora certa

A luz quer luzir pra ninguém

Só pra si



MARCELO


Teu corpo

Teu rosto

Tua voz

Angustiam

Agoniam minha traquéia

E meu coração bate demais

O ar sob denso

Sugo teus olhos marrons

Me aceita

Larga tudo por mim

Me deixa fazer xixi na sala



JAPA


Meu mar japonês

Meu lar protetor

O mar de cá lembra teus olhos

Tua boca

Poucos e determinados risos doces

Tua boca

Expressões, gesticulações orientais

Garanto

Estou no mar no próximo final de semana

Mesmo vivendo na semana passada

Passada a vontade de ver-te o céu da boca

Estamos na boca da noite

Na boca do céu

Na boca do amor que agora rege o desconforto

O meu desencontrado e desconcertante amor perdido

Nunca achado

Eu não quero mais

Nada mais que um luau à beira-mar

Me beija, mar

Me beija, amor

Na boca do centro do meu universo

Meu único amor companheiro



ELE FALA MAIS DO QUE PRECISO OUVIR...


Ele fala mais do que preciso ouvir

Sem que dele nada precise

O que faz aqui na minha casa

Outro vagabundo que não confia em ninguém

To exibindo a minha cara

Olhe pra mim

Pergunte qualquer coisa banal

Encantada & interessadamente

Olhe pra mim quando eu passar

Tão na vitrine meus olhos ao vento

E meu rosto descansado te esperando

O amor acalma os nervos




DE SUA COXA ESTICADA...


De sua coxa esticada em cor parda na cama

Balé musculoso de carnes revestidas de pelos pretos



DE ANOS TRAGO...


De anos trago

Farrapos de panos em tom pastel, grená e creme

Por sobre meu dorso de cravo

Fazendo calor

Murchando as pétalas que me formam pássaro do bem

E vem você e vem o bem de gostos a me salivar nos olhos

Não sei

Nunca fiz nunca travei

Guerra nenhuma contra a dor

Nem consegui falar de amor amando



VEI EU DIZER...


Vai eu dizer que não tem nada a ver

O amor com forma cheiro e doce de rosas rosas

Que não vai nada ter comigo e com você

Se o beijo que me beija a boca vem de mim

Vai eu dizer que já chorei por ser feliz de amor

Se o meu beija-flor há pouco que chegou




QUER VER MEU ROSTO...


Quer ver meu rosto

O sapato rasgado

O rebolado na calça frouxa

Não faço sexo nem interessa mas

Mesmo assim

Quer apaixonar-se

Para que? Esqueça-me

Enquanto as pessoas se perdem

Eu comemoro a solidão

As conheço antes do tempo previsto

E minha cabeça dói todo dia




EU QUERIA DIZER ASSIM...


Eu queria dizer assim

Não degenere esse sorriso



EU JÁ SEI

(c/ Maria Magdah)

Eu já sei o que é masturbar uma lesma

Já andei depois das três aonde você já não tem

Não tem nada a ver

Tem um medo que o faz cocho

E uma corcunda de Notredame

Eu falei das cores, das formas dos tempos

Eu pareci uma boba batendo as pernas

Onde o meu corpo vestiu uma neblina

Onde eu no carro fui ao abismo

O abismo do cúmulo da burrice

Do inseto que hoje pula fora

De todas as noites insuficientes atrevidas




MARGINÁLIA

I

Trepar pode ser com qualquer um

Não é preciso paixão



II

Adoro cenas que sugerem relacionamentos homossexuais



III

Eu quero um negro escatológico

Um negro hippie

Largado pelas ruas de 1967

Aquele branco de peito forte e leitoso

De pelos dourados escorrendo até nos pés



IV

Deve ser perfeito

Fazer amor numa viela à noite

Ou num gueto em um prédio antigo



V

Já pensei em pensei em pegar nos paus

dos contadores de luz, muitas vezes

Quando eles iam embora eu criava

Uma estória cheia de fetiches

E batia punheta na rede



VI

E os pintores...

Eu os olhava de baixo para cima

Enquanto emassavam o forro,

ouvindo Angela Roro, e ia pro banheiro

Eles diziam que ela possuía voz de homem



VI

Quero me lambuzar inteiro

Cheio de prazer

Num corpo todo suado

E melado de esperma

Os pêlos molhados

Por seu líquido espesso e sensual

E que as dores platônicas, como esta,

De estar numa máquina de escrever

Sumam da vida



VII

Meus vizinhos sempre foram

Aproveitadores e eu adorava

Já brinquei de esconder

Agarrado com os meninos

E chupei o pau do vizinho da direita

No lado esquerdo do alpendre azuleijado



VIII

Havia um carteiro interessantíssimo em minha rua

Não sei se ele era homossexual



IX

Um grandão me chamou para sua casa

Mas eu tive medo

Ele era forte, bem forte

E ficou magro, bem magro

Ele poderia estar com AIDS




X

O pai de um garoto que eu sarrava

Me chamou e deu uma lição de moral

Mandou eu ser homem e caçoou de mim

Mas o menino adorava!



XI

Só consegui transar passivo uma vez

Foi muito bom

Ninguém mais fez carinhosamente

Nem conseguiu

Inscrevam-se!!!



XII

Lambi e beijei na boca

O filho do caso da minha tia

Em cima do pé de jambo

Embaixo da lavanderia

No quarto ao lado do dela

Eu gozava e não saía nada



XIII

Uma vez me apareceu um esmole

Eu sempre quis ter com esmoles

Primeiro tomaríamos banho juntos

Eu o lavaria e o beijaria muito



XVI

Depois de transar com um canadense

Eu devorei todas as revistas

Que falassem a respeito do HTLV-3

Ele não entendia o que eu falava

Não podemos gozar juntos

Depois que ele conseguiu

Fiquei com seu líquido na boca

Durante algum tempo

E o depositei em cima de seu pau

Eu estava com duas cáries enorme



XVII

Havia tardes em que eu me masturbava

Três, quatro vezes

Com pôsteres de homens fortes

Com sonhos de homens fortes

E meu pai, onde andava?

Esse é um ponto sensível e pouco lembrado



XVIII

Já perto de quase muito tempo

Ou toda a sua vida

Ou tudo em sua vida

Um velho livro:

Psicologia Sexual

Havia lhe falado

Sobre a solidão

E o que ela pode ocasionar

Mas ele ainda lembra-se de cheiros e gostos



XIX

Meu trabalho está basicamente regado a sexo

Sou feliz e penso nele 24 horas por dia

Qualquer homem que passe

Tem a sua importância

Meu coração por instantes

E meu corpo o bastante



XX

Cacei no porto

Chuparia qualquer pau



XXI

Eu sacio de falar em sexo

Por alguns segundos



AMOR DE RUA

Por aqui não há quase mais ninguém interessante

Tudo cheira a velho e burro demais

Esta noite tem faíscas que doem na próstata

E eu amo o olhar de quem não vale nada

Esse nó na garganta quando o tipo olha pra mim

Que posso eu querer de ti

Se o que tens cheira a solidão e dor

Eu quero que você me pesque e que você me olhe

E demonstre que me quer por muito tempo

É que eu gosto de exercitar meu coração

Quem quis meu coração

Quem quis meu coração por toda a vida

Que adiantou todos os meus olhares

Todas as minhas cenas tradicionais

Que todo homem faz quando quer ganhar

É a vida pode ser ingrata

E te locar numa favela

E você pode ficar puto

E baixar o nível pra escrachar


MICHÊ

Eu saio pra te ver mas não te encontro

Onde é o point, onde é a praça, qual é o bar

Essa cidade não tem michê

Hoje eu pago qualquer um que me quiser

Eu quero um homem burro que me divirta

Um bofe estúpido que por fim me beije a boca

Quem me quiser eu to gingando na Avenida

Eu só não topo ficar sozinho marcando touca cheio de tesão


BICHA

A bicha que vai me bater

Pensa que eu sou careta

Que eu não sinto uma ânsia brumada

Um ataque de sensações eróticas


PAU

É nas entranhas do teu pau

Do teu bem tom teu mal

Lá pelos olhos suados

Pelas coxas jogadas na cama

É na fissura de tua pele branca

Vermelha e quente pele queimada


CANALHA

Até que ponto crápula, sujo, vadio

Até que ponto meu, afim, no cio

Sou a beleza ou quantas cifras sou

Valho amor ou casa comida e roupa lavada

Quem lava a cara de quem a cara lavada

Não me olhe assim não respondo por mim

Repare pro seu lado o velhote está incomodado

E seu copo de cerveja já está pago



ESMOLÉ

Ele tem cheiro de planta, de erva, de infância, loló

Os vagabundos têm cheiro de planta

Madrugada... enquanto os velhos amigos

Dormem seus sonhos seguros de sempre

Desvendo a temperatura fria, gelada, vazia

O rosto retesando, os dentes trincando

Caminho pro ultimo bar

O vício machucando cada osso do meu corpo

Ele está dormindo no banco da praça

O galã que pede esmolas e me seca às tardes

O maloqueiro mais bonito da cidade

Pele branca, peito de leite e pelo de pólen

Short frondoso, vaporoso, indecoroso

Contamos estrelas juntos e tive medo da polícia

Dia desses me disseram que ele morreu esfaqueado



PORNÔ

Na boca do Salgadinho

Os caras ficam com os caras

De madrugada quando todos dormem

No céu claro da manhã

Ou nas tardes granuladas

As bichas se camuflam

Sujeitadas, enlouquecidas

Nas pedras do cais do porto

E você não pode entender desse amor, meu amor

Dá um dedo, dá um riso e os homi corta a cara

O amor é louco de se viver

Como torto foi bater nos paus

Dos maloqueiros burros

Nas cadeiras cafonas do Cine Ideal

O amor pode virar doença meu amor

E o coração do rapaz que amou demais uma puta, um fedor

E aí vai brilhar, vai se mirar onde você já não há




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