sábado, 4 de abril de 2009

PEDRA DE RIO






































































































PREFÁCIO



AUSÊNCIA DO OUTRO



Por Cármen Lúcia Dantas*

O processo de criação em Alexandre transita na via dupla entre o universo das vivências amorosas, no ápice da grande paixão, e a tentativa de superação da perda diante da ausência irreversível do outro. Nessa gangorra de sentimentos, o poeta trabalha a linguagem na espontaneidade dos diálogos afetivos, despojada de metáforas e rica em humanidade.

As palavras, de tão cruas, chegam a ser puras e adquirem a poeticidade do libertário. Não há subterfúgios para dimensionar a saudade do desejo. Não há disfarces no prescrever as sentenças, nem nas lembranças mais caras e mais íntimas. Tudo é dito como um cochicho amoroso, como um convite ou um olhar de sedução.

Os poemas estão alinhados na mesma temática e percorrem uma trilha seqüenciada, que vai do encantamento do começo de uma relação entre iguais que se completam, perpassa pelo auge do prazer livre das convenções e por fim chega ao luto. O miserável luto precoce.

A linha poética amarra esses sentimentos de tal forma que o leitor acompanha com o poeta a trajetória da experiência vivida a dois e da difícil aprendizagem da solidão de quem fica. A constância do afago, as andanças, a pintura e a fotografia, a mesa posta, os lençóis removidos, o mar, o sol, o sumo do amor. “Tuas fotos, meu amor, / Castigam minha saudade.”

Nesse exercício de presença e de ausência, Alexandre canta a epifania do retorno e vive a alegria das recordações, nas benesses que a arte propicia. Até porque amor e arte sempre estiveram juntos, aqui e alhures. Já foi profetizado que “só o amor e a arte redimem o homem.”

Nos poemas contidos em Pedra de Rio há uma ligação simbiótica entre amor e loucura e não se tem como separar um do outro. O amor é o mote em todo o percurso, do começo ao fim. “Relatos de arrependimento póstumo. / Eu posso ter lhe deixado por dois anos, / Mas você me deixou por toda a vida!” Assim, Alexandre conclui seu livro frenético e apaixonante, que nos leva a crer, de fato, que só a Arte tem atributos capazes de consolar os que perdem um louco e grande Amor.

Com esta publicação, o poeta brinda seu público com uma leitura agradável, rítmica e visceral que transpõe os limites do real e alcança, instigada pela sensibilidade, as raias do devaneio e das paixões mais ardentes.


*Cármen Lúcia Dantas
Historiadora e Museóloga
25/09/09




I’M THINKING…


I’m thinking about

You... your smile...



I’LL BE THINKING…

I’ll be thinking about

You… your smile…




QUERO VER O TEU SORRISO...

Quero ver o teu sorriso

O riso no teu rosto, quero!

Que importa o resto?




MINHA VIDA É SUA...


Minha vida é sua

Sua vida é nossa

Nossa vida é tudo

Lenta. Longa.

Leve. Longe.

Nossa vida é linda.




QUANDO A LUA ESTIVER CHEIA...


Quando a lua estiver cheia

E as ondas do mar intensas

Deita a tua calma na areia

Morna e carinhosa da praia

E deixa o sol brilhar na tua

Cara o vento sou eu




SÓ VOCÊ ME DÁ...


Só você me dá a calma necessária

Para atingir o estágio divino do homem

Anjo na Terra



O AMOR NÃO É CEGO...


O amor não é cego

O amor não é surdo

O amor não é mudo

Fala com olhos e ouvidos



PENSO NA PALAVRA DOR...


Penso na palavra dor

O quanto pode e deve ser evitada

Penso na palavra luz

O quanto pode e deve ser elevada

Penso que se tanto cinza

É sempre tema

A vida fica assim

Penso que se tanto azul

É sempre tema

A vida exala de mim



VERMELHO É UMA LUZINHA...


Vermelho é uma luzinha

Um ponto aceso

No quarto escuro

Prata é um pontinho

Brilhando no céu

No início da noite

Castanhos são

Seus olhinhos

Luzindo na

Estrada noturna



AZUL: POSSIBILIDADES...


Azul: Possibilidades

Duas: Sim e não

Sim: Ao mundo, a mim

Não: Nunca

Nunca: De hoje em diante



TAVA PENSANDO...


Tava pensando em pagar a conta

Tem uma casa de palha pra barco

Na beira do mar não há ninguém lá

Pra beijar na boca só o universo verá



QUERO ARRANHAR...


Quero arranhar o céu da tua boca

Com meus dentes tarados de amor

Eu quero deixar sulcos em tua alma



O MARINHEIRO...


O marinheiro bebe, bebe, bebe

Seu caso, o ator, vai ao mar mijar

Eles são o ambiente

Tudo deles precisa

E não cabe mais ninguém

Eles são a paisagem

Dois coqueiros

O marinheiro e seu caso

O ator



NÃO SINTO CIÚMES...


Não sinto ciúmes de você

Porque água não se mistura ao óleo

Somos água o resto é óleo



PERFURA UM POÇO...


Perfura um poço no meu peito

Até atingir o sangue-combustível

Do meu amor extrai então

O líquido sagrado que nos une unirá

E beba todo em goles calmos

Que nossa fusão seja lenta e segura

Se preferir perfura a cabeça do meu pau

Faça o mesmo com o sêmen que encontrar



COMER AS JABUTICABAS...


Comer as jabuticabas dos teus olhos

O mesmo ar é pouco

A mesma saliva já não satisfaz

Mas derrama esse mel sobre tudo meu

Pra amortecer a espera

Não quero e não posso sentir dor



VOCÊ QUER O CÉU...


Você quer o céu é seu

Você quer a luz é sua

O que você quiser eu dou

Aqui nas estrelas

O céu silencia por nós

Pense em mim penso em ti

É dia no escuro



EU NÃO TENHO DOR...


Eu não tenho dor pra te dar

Se a der como vou viver

Você é minha salvação

Pra você o melhor de mim

Mesmo que esteja muito ruim



REI E ESCRAVO...


Rei e escravo são os dois

Pólos desse mesmo amor

A cor dessa cidade somos nós

O marinheiro e o ator

Ambos à toa, mas nunca à tona

Só nos interessa o fundo

O profano e mais do que nunca

O sagrado sim meu amo lhe amo



LONGE DOS FARPADOS A ARAMES...


Longe dos farpados arames

Quebramos o silêncio

Indo de encontro um ao outro

Querendo mesmo acender um cigarro

E saciar esse vício delicioso



VEM, MEU AMOR...


Vem meu amor vamos ver no escuro

Onde o céu e o mar se encontram

Espuma branca, nuvem e fumaça

Quero me intoxicar com teu cigarro

Estar embriagado de ti constante mente

Unamos nossos miolos e vísceras



EU ENTERRO MEUS PÉS NA AREIA...


Eu enterro meus pés na areia

Enquanto espero a hora de enterrar

Meu pau no teu cu meu corpo no teu nu



POIS QUE A HISTÓRIA COMA MEU CU...


Pois que a história coma meu cu

Goze antes de mim e eu entenda

Mas bata com gosto na cara dela



A RESPIRAÇÃO SECANDO SEUS DENTES...


A respiração secando seus dentes

Marcados pelos cigarros da vida

A saliva espessa nesses dentes

Longos, finos, perfeita corrente

Faz-me querer comê-los ao dente

Eles são a minha vida e o trem que me leva

Os olhos, as mãos, a alma, a boca...

Ah, por favor! Sem palavras, cem palavras...



ME COME AVIDAMENTE...


Me come avidamente

Sua voz meu sexo aberto

Sua voz a ama de minha boca

Sua boca meu amor extasiado

Boca de cigarro que queima arde e consome

De brasa vira cinza figura dona!

Vamos virar azul, ar azul?



EU QUERO MORRER COM VOCÊ...


Eu quero morrer com você eu já morri faz tempo

E precisava do seu vácuo final daquele que sou eu

Me salva me leva para além das poesias cósmicas

Te levo eu sou a areia da praia que você espraia

Dizendo pra mim que tem mil anos

Vamos nos dar os pés e mergulhar no mar em busca do céu

O paraíso somos nós fundidos, fudidos



EU SOU BOBÃO NA PAIXÃO...


- Eu sou bobão na paixão

-Será?

-Sei lá!

- Rarará


A PRIMEIRA FRASE É SEMPRE SUA...


A primeira frase é sempre sua

Cure minha alma desesperada, nua

Seja o sândalo sobre minha ferida exposta

Machado e sândalo retalha e morre



ESCREVER DE LUA DE SOL E PÔR...


Escrever de lua de sol e pôr

Coqueiros alamedas amendoeiras

Ao longo da praia da Avenida

Quer-se do monstro o beijo

Vê-se no injusto o puro

E assim deixo seu amor penetrar

Minha chaga cicatrizando

Mantendo acesa a chama

Me ama se ama fim começo flama



DELICADAMENTE DESAGUAR...


Delicadamente desaguar

Uma explosão que nos leve à lua

E nos traga de volta

Voltar é o que não se quer

Temo ficar quero ir

Sabendo de uma ida sem fim

Quando a pedra é o ar e o mar o céu

Instaurada a loucura

Dessa larga entrega de duas vidas



TUAS FOTOS

Tuas fotos, meu amor

Castigam minha saudade

Todo dia cada foto cresce

Em tua ausência

E eu corro louco de um cômodo pra outro

Só pra te esquecer

Mitifico teu nome

Noturno à beira mar com a garrafa na mão

Danço bebo e fumo nesse pardieiro

Volto invadido perdendo os adereços pelo abismo

Na sede de nunca te deixar acordo atordoado

Tentando colher flores e arrumar o quarto

E me deparo com teu rosto na parede

Benditas fotos que de nada servem

A não ser pra me deixar mais louco

Rouco, trôpego e sôfrego querendo morrer


PEDRA DE RIO

Como a pedra que divide o rio

Você passa por meu corpo sem parar

Água corrente e ligeira passa

Definitivamente e sempre

O que farei quando o rio secar?



SEU PERFIL...


Seu perfil

Perfeito

Feito pra mim

Perfeitamente feito

Para mim

O seu perfil




NÓS SOMOS O BRANCO...


Nós somos o branco

Queremos fazer a passeata

Das palavras em branco



FAREI TUDO POR ESSE AMOR...


Farei tudo por esse amor

Trarei corais à tona

Entorná-los-ei à boca

Secarei o mar

Brilharei cravado em arrecifes



NA DANÇA DA VIDA...


Na dança da vida

Teremos nossas noites de gala

De disco, carnaval

Nossas vidas brilhando

Sob luzes olhares e aplausos

Nas luzes da cidade

Desceremos escadarias de carrara

Sob adrenalínicas ovações da platéia



HÁ UMA PENA INDIANA...


Há uma pena indiana

Acariciando a minha dor

Há o signo da vida

Tatuado no meu sonho

Um pentagrama me acalma

E chicoteia meu atrevimento

O nove na parede

Quer matar o demônio

As bruxas os duendes e o amor

Luzirem minha lua negra

Acompanha-me por toda a vida

Aquela figura doida que é Deus

Amigo de viagem, me deu um toque:

“Eu sou teu guru

Não precisas fazer nada

Dou-te tudo

Não te preocupes

Tua função na Terra é amar

De certo, muito amado serás

Encantei-te com uma mágica:

Não resistirás ao amor”

E eu que idiota não sou

Ainda mais guiado por um louco desse

Não iria contrariá-lo

Quem sou eu

Enfeitiçado por um Deus que nem mesmo escolhi

Eterno apaixonado e amante sou

Sempre sugado às raias da insanidade sana

À casa do amor

Digo ao ímpios:

“Esqueçam-me

Sou miragem, paisagem

Imensidade, luminosodade

Aquele que retornará

E tornar-se-á

Sempre mais forte

Com um detalhe

Sempre à dois

Lindamente acompanhado”



EU SOU O SEU SINÔNIMO...


Eu sou o seu sinônimo

Você minha espada

O mundo a gente vê de fora

Vibrações já somos humildemente

Hoje, dia solar

Brilho refletido

Realização plena

As palavras já foram ouvidas

As músicas cantadas

E o resultado anunciado

Hoje as asas de um anjo

Repousam sobre meu cansaço

E me tiram trinta anos

Agora, a descoberta do enigma

É momento de fazer girar

A roda da fortuna



ESSA NOITE...


Essa noite

Carrega no íntimo

O maior sol do mundo



A LUA...


A lua

O lago

O caminho

Líquido

Dourado

As nuvens

As montanhas

O vôo



VEM MEU AMOR...


Vem meu amor

Meu grande e verdadeiro amor

Vamos ver o escuro onde a lua brilha



QUERO FICAR PERPLEXO COM VOCÊ...


Quero ficar perplexo pelo caminho

Perder o nome a memória

Virar sonho com você



PRONTO AMOR...


Pronto amor

Chegou a hora

Seu avião partiu pra Sampa

E a gente já chorou vacância

Passo a quinta e vôo na Expressa

Guardei a multa do aeroporto

Ataquei de My Sweet da RoRo

E essa poeira nos olhos

Que só sabe arranhar



BOCA DE FRIO...


Boca de frio

Pernas de veias saltadas

Pelo e pele de ouro

Branco virás aos sóis azuis




BOCA


Minha boca

Lambe teus pés

Mama o tornozelo

Chupa panturrilhas

Morde coxas

Prende pêlos pardos

Aperta teu bico vermelho

Engole o maxilar

Beija colado na boca

Cai na cama respira fundo

Expira feliz e dorme em paz



HÁ VENTOS BRANDOS...


Há ventos brandos e um neblinar no cais

Maremotos há tempos que não quero mais

Tempestades temporais

Roupas negras negros ais

Vale mesmo a vida simples do amor

Discos livros seu sabor

Descanso longe da demência da loucura

Ah, isso é que é saber viver

Calmamente viver

Curando as neuroses

Vendo um caminho lindo com você



A GENTE ACORDA...


A gente acorda no Albergue

E olhando pro canal de Veneza

Faz amor, meu amor

Levanta toma banho, leite, suco de framboesa

Ainda deitado te amo mais

Mais e mais quero olhar pela janela

É dia em Veneza meu amor

Vamos à Roma, à Praça de Espanha

Jogar moedas na Fontana de Trevis

E dizer pra todos

Que somos cidadãos do mundo

No meio de um lugar

Cinematograficamente lindo

Vamos até o Lido

Dar um passeio noturno

Escolher nosso castelo mouro

Depois a gente foge pra Grécia

E abre a janela pra antes de Cristo

Dia de sol, vento gelado

Você tira da mala seu perfil italiano

Põe a calça preta a Hering regata

Os óculos que escondem a bondade e a doçura

Do castanho claro de teus olhos

E numa ilha daquelas

Finalmente e agente vira peixe

Paisagem, imagem marinha azul-turquesa.



GOLDEN HAIR...


Golden hair, for you...

Blue

Sky and sea

White

Sand and sunga

And sou

Sou sua




TÔ NA PAJUÇARA II...


Tô na Pajuçara II

Armo sua chegada

Quero flores no quarto

Velas e música

Queria dormir até o dia

De tua chegada



NA VEIA


Antes de abrir os olhos

Abrindo os olhos, a janela, a torneira

Ante o espelho sobre o lavabo

Molhando o rosto, os olhos, os dentes

Sob a água fria do banho

Passando perfume, desodorante, creme

Sob o edredom macio

Dormindo com o Max, a Pérola

Enchendo as vasilhas de água, comida

Dando comida pra eles

Vestindo a calça, a blusa, a bota

Para enche o ar Bethania, Zizi, Fafá

Tão cedo inflado de amor

Daí eu saio às ruas

E permanece presente, constante, diariamente

A alegria que sinto

Virando olhos distantes, interiores

Ficando triste, introspectivo, calado

Estando distante, tão perto, na veia

Você



HÁ UM QUÊ DE MIM...


Há um que de mim nos buquês

E um ser de buquê em mim

Um buquê silvestre eu só

Duplicado nesse belo mar de flores

Estou tatuado até na tua aura

Estou tatuado até na tua energia

Estou tatuado em todos os teus elementos

Estou tatuado em tu que é mundo e cosmo



COMO EU QUERIA EXPLICAR...


Como eu queria saber explicar

A atemporalidade das coisas para você

E a maneira que encontramos, eu e ele

De vivermos sem farpas, flechas, arranhões

É tudo muito simples

Ninguém se fere, ninguém se machuca

Como naqueles sonhos que todo mundo tem

De bons tempos, bons ventos, corpos soltos

Vivemos sim dias ensolarados

E queremos sim, eu e ele

Que assim seja para sempre

Como eu queria não precisar explicar

A atemporalidade das coisas para você



TÃO BOM ESTAR NO AR...


Tão bom estar no ar e olhar

As nuvens de cima, a Terra de cima

Melhor seria andar sobre elas

Vagar, poder voar, ter asas

Flutuar, ser ave e migrar

Se livre no mundo e pousar

Sem pressa em qualquer árvore

De qualquer chão, a qualquer tempo





PEDRA DE RIO


Onde eu nasci passa um rio

Repleto de pedras

Mas a pedra do meu rio

Não está lá!

Revejo paisagens

Velhos amigos

Mas a pedra do meu rio

Encontra-se na beira do mar

Junto ao cais

Onde atraquei o barco

Da minha vida

Onde a ferida

Encontrou cicatrização

Onde o fim da tarde e o amanhecer

Tem a mesma cor

E o mesmo tom

E o mesmo gosto

E o mesmo som

O mesmo cheiro

E tempero

Onde água e pedra são um

Onde você e eu somos

Hummmmmmmmmm




YOU’RE MY PANSY


You’re my pansy

I’m your pansy

Nosso amor-perfeito




HOJE NÃO QUIS IR A PARQUE ALGUM...


Hoje não quis ir a parque algum

Deixei de lado os golfinhos

Baleias e focas

(no kids crying out my name)

Preferi caminhar com você

Road afora

Lhe levando pela mão

N. Poinciana Boulevard

W. Bronson Hwy – 192

Siesta Lago Drive

Manhã fria, céu azul calmo, no clowds

Gaivotas voaram sobre nossas cabeças

E pousaram leves na beira do lago

De azul intenso

Ao lado das garças graciosas

E elegantes

De volta à casa

Ouvimos os cd’s, que ainda ouviremos

muito juntos

Janis, Kate, Bessie, Ella, Bette,

Cocteau, como nós, Twins




SEU ROSTO BRILHANDO NA LUZ DO SOL...


Seu rosto brilhando na luz do sol

De inverno

Refletido no frio da água

Na piscina

No suave azul do vidro do copo

Gin tônica

Tônico on the rocks

O vento agitando os pinheiros

Sussurrou seu nome

Tudo verde/azul

Tudo saudade/calma

Agora sua boca toca a minha

E umedece os lábios ressecados

Pela ausência de sua saliva doce

Agora o calor do carinho de sua mão

Intumesceu meu pau

Que chora a falta do seu

Agora passo a mão no meu cabelo pardo

Afago o símbolo da vida

E navego em você

E assim

Gozamos

Miles and Miles away




SOMOS ANJOS DE UMA ASA SÓ


Somos anjos de uma asa só

Abraçados podemos voar

Que o céu seja nosso em 94

E sempre




“MY HEART BELONGS TO DADDY”



“My heart belongs to daddy

And my soul

And my sex

And the rest

Ôh pazinho!

“You are always on my mind

You are always on my heart”

I’m yours

You’re mine

Kiko

Kikinho

Kinho

Amor

Amorzinho

“Love is in the air

Everywhere around”




ON THE ROAD…


On the road

Your face

Every redden mile

Your smile

Facing the bus

Your long arms

Bridges across

My loving body

Your hair

Palm trees and pines

Along the way

Far away?

You’re my highway

Anyway

Anywhere




AGORA É SÓ CÉU E MAR…


Agora é só céu e mar

Só a metade da lua se vê

A outra metade oculta

Presente como você

Agora é enfrentar a América

Com você tatuado em mim

Aura e energia unas

Agora é sermos um

Como já somos

E seremos serenos

Onde quer que esteja

Ou esteja você




O SINGULAR JÁ NÃO EXISTE...


O singular já não mais existe

Tudo é primeira pessoa plural




NA PRIMEIRA TARDE DESSE NOSSO ANO...


Na primeira tarde desse nosso ano

Você veio cavalgando as nuvens suaves

Que pairavam leves e lentas

Sobre o azul do céu

Como a lua que vem brincar

Com o brilho do sol

Veio seu corpo azul

Seu sorriso igualmente anil

Seu braço estendido

Puxando-me pra cima

Levando-me para a calma

Transformando-me em nuvem

Anilina na plenitude do Cosmo

E lá flutuando fizemos amor

E nos tornamos um só azul




SE BOCA ÉS SALIVA TUA SOU...


Se boca és saliva tua sou

És água de sal que lubrifica olhos meus

Somos o ar que nossas narinas aspiram

O mesmo esperma que jorra de ti em mim

Fecunda a vida que somos cromo-somos!

E como...




AMARELO...


Amarelo

Branco

Verde

Azul

Vermelho poente

Eu

Você

A vida

O belo

O viver




ON AIR


Olhe o céu vermelho

Você está no pôr do sol

Nem aqui ou em Sampa on air

Olhe rápido o resto de mar

Turqueza blue, olho de anzol

Antes do sono estrangeiro

Veja as nuvens de algodão doce

Prove o gosto da lua de chiclete ploc laranja

Beije a face macia de deus

A natura cura a falta de eu

Enxuga as lágrimas sacanas

Como se controlar possível fosse




A QUINTA


Pronto amor chegou a hora

Seu avião partir pra Sampa

E a gente já chorou vacância

Passo a 5ª e vôo na Expressa

Guardei a multa do aeroporto

Ataquei de My Sweet da Ro Ro

E a poeira embaça meus olhos




PAREI NUM BOTEQUINHO...


Parei num botequinho

Com mangueira, cajueiro

Cadeiras e mesas brancas

Final de tarde, música brega

Você longe e nunca tanto assim

Ser só e olhar só

Meus olhos casaram-se

Tudo se vê pela metade

Querem saber o que você veria

Nos tijolos pintados

Do gatinho que parece com o nosso

Quando o Detran parar de parar

Vou pegar a estrada de casa

Onde vou desfalecer sem nós




AGORA VOCÊ AÍ...


Agora você aí

Que luzes todas brilhem

Suas estrelas lunares intensamente

Jorro de vida

Você é uma vida pura

O Sol

Homem de vibração visível

Ver-te, espelho meu

Faz-me crer na vida

Delicadas sejam as delícias

Que a vida te der por aí

Incontrolavelmente flua sorriso

Espalhando bela admirável energia

O mundo urge de encantamentos

De um sol brilhando em cada rosto

Sua bondade e doçura salvam o mundo

Sorriso cheio de cores vermelho azul e verde

Viver seria a Disney

Sol do meu mar ar do meu sol sal da minha pele



VOU ME DEITAR NA REDE...


Vou me deitar na rede

Ligar a TV sem ver

Sugar o colorido

Deixar que façam a vida

Até o sono chegar

Dormindo distraidamente

Sob o lençol o frio o vento

Sonhar acordar sonhar

Descansa o corpo

amanhece outro dia

menos um



MADRUGADA NO CARRO...


Madrugada no carro

Cerveja poesia cigarro

Hoje eu não vou pra casa

Que o felino durma fora

A felina que me acorda durma

Cadeados que me trancam, lacrem

Pássaro pequeno cresce em mim

Inocente conformação

Semana difícil

Agora tomo conta de tudo

Mudo resignado apaixonado

Dono de mim decido arrisco

Mando no temor cuido com amor

Cansado quero ver a vida na tela

Ficar olhando morgando sem pensar



NUNCA UM MÊS CUSTOU TANTO A PASSAR...


Nunca um mês custou tanto a passar

Meia noite e um e já é outro dia

Tempo espaço que te roubam de mim

Medro choro calado

A vida quer assim

No boom do nosso amor

A América me assalta

Insônia dirijo a noite toda

Amanhece




UM AMOR QUE TOMA TODA A PÁGINA...


Um amor de tomar toda a página

Aquele que vem certeiro decidido

Se eu não mandasse em mim diria assim?

Amor inteiro da cabeça aos pés

Nada quebra queima apaga fere

Todo o destino por nós nada sabemos

Eu te amo tu me amas nada mais



AQUI NESSE MESMO LUGAR....


Aqui nesse mesmo lugar

Que você me contou seu segredo

Onde eu não lhe segreguei

Parei pra beber sem você

Aqui onde pela primeira vez

Eu então te disse eu te amo

E você disse então casa comigo

23

Fico contando os dias

Às vezes fico tão eufórico

Que faço a conta do dia seguinte

Ah! Que bom

Hoje já é amanhã

Madrugada

Sozinho no carro

Última cerveja

23 dias para você chegar



ESCUTO A JANE DE TI E DE MIM...


Escuto a Jane de ti e de mim

Que chegou de São Paulo

Amarrada na caixa na mala

Rasguei o pacote apressado

Soltei a voz dela no ar

Gravei uma fita linda

Há três dias só a ela escuto

Pra poder escutar só você



KIKINHO...


Kikinho

Paizinho

Daddy

Kiko

Amorzinho

Sweetness

Sweet dream

Darling

My man

Love

Amor

Meu amor

Te amo

Te quero

Te como

Te dou

Te chamo

Te sei

Te sou

Nus somos



OLHA A LUA...


Olha a lua

Vê que lindo!

Você me ama

Estou amando

Sou louco por você!

Boa noite

Saudade

Durma bem!

Bom dia

Olha o sol

Sente o ar!

Olha a vida

Você é louco por mim!

Ô amor...

Que saudade!

Olha o por do sol

Amor

Que saudade!



AVE


Certifico-me

Na existência de meu corpo neste planeta

Tempo século história estória amores

Conceituo-nos

Somos um corpo só uma alma só

Vida ávida pássaro da vida alimento de pássaro ave

Pressuponho-nos

Voando eternamente o céu azul de sempre

Cosmo que juntou-nos em um só

Atrevo-me

Morreremos juntos de mãos dadas quero

Subiremos os degraus sem corpos que pesem



SALADA DE FRUTAS


Amigo

Contigo

FIGO

Fico

Rico

Rio



Ame

AMEIXA

Mexa

Remexa

Reme

Rumo

A mim



ABACATE

Resgate

Reate

No ato

Gato!



TAMARINDO

Te

Amar

Rindo



Espera que a pêra amadureça

E esquece das outras frutas

Eu nunca quis caquis

Então fica aqui comigo

Vamos tomar água de côco

Meu figo roxo

Fica mais um pouco

Está tudo bem!



O AMOR...


O

Amor

Perdoa

Tudo

....




CALMA LUA CHEIA...


Calma lua cheia

Esvazia-me um pouco de você

Lentamente a casa escura acende

Revelando cômodos novos, novas camas

Pouco a pouco

Redescubro quem sou

Traço novas rotas

Outros rumos

Filtrando

O que você

Despertou de bom em mim

Pinturas íntimas

Do norte do mundo

Grandes batalhas, anjos

Cabelos de pelo de carneiro

Esculpidos em mármore

Inocentes querubins cacheados




Poemas póstumos


DESISTI DESSE AMOR...


Desisti desse amor

Pelo sonho da beleza

Da pureza, da doçura

Desta paixão selvagem

Tanta dor havia

No final do nosso amor

Tava cansado de sofrer

Tinha medo de morrer

Drogado, depressivo

Alucinado, sem tesão

Teu corpo só, meu corpo só

Meus medos, silêncio

Quis ser feliz, me tornei nativo

Amei lagoas, restingas

Dois nascentes e poentes

Invernos quentes

Jardins e quintais molhados

O amor completo

Viva Lúcia Guiomar

Os amantes selvagens da vida

Viva! Àqueles que tem na veia

Sangue, sal, sol e sexo

Arte na veia!

Viva a vida!

Que sejamos todos assim!

Amor e arte na veia!

Hoje vou dormir mais tranqüilo

Porque estou colocado

Você no lugar de onde nunca saiu

O céu te conquistou definitivamente

Leva-me com você, amor

Estou aí com você?

Ainda estás aqui?



ONDE ANDAS AGORA...


Onde andas agora, querido?

Não gosto nem de pensar nisso

Porque sem resposta enlouqueço

Ias gostar de ver a saudade

Nos meus olhos cheios de lágrimas!



NÃO TENHO CONSEGUIDO TRABALHAR...


Não tenho conseguido

Trabalhar nem me concentrar

Na minha cabeça só há você

Relatos de arrependimento póstumo

Eu posso ter lhe deixado por dois anos

Mas você me deixou só pra toda a vida!











3 comentários:

Anônimo disse...

Olá Alexandre, tudo bem?

Você é autor de um poema intitulado Beijos de Amora...o destino era outro mas tomei-o para mim. Tem como postar no seu blog? Um grande abraço.

Toni de Luca

Unknown disse...

Tony, quanto tempo...

Unknown disse...

Tony, quanto tempo...